terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Produção nota 10

Burnett, feliz após descobrir que será o destaque em um post do Surviviciado

  Quando a produção de Survivor errou nos últimos anos, aqui no blog eu os critiquei pelas escolhas erradas desde HvsV. Elencos fracos, Redemption Islands, jogadores retornantes, edições tendenciosas... Mas quando ela acertou, fiz os elogios necessários. No último post da temporada passada e na Futurologia dessa temporada fiz questão de ressaltar que achei que a twist One World (todo mundo na mesma praia) seria interessante. Mas nesse episódio, Burnett e Cia. foram além e acertaram em muitas coisas nesse episódio de abertura da temporada.
  Eu gostei do início estilo Tocantins, com a galera toda no caminhão e as duas tribos brigando pelas provisões dentro dele. Gostei também das duas tribos de homens e mulheres, pois numa temporada onde todo mundo vai estar junto e que provavelmente a intensidade de conflitos será maior naturalmente, a divisão entre sexos pode acentuar isso ainda mais. Logo na disputa pelas provisões vimos a briga entre homens e mulheres começarem, com Jonas assumindo que tinha roubado alguma coisa das mulheres da forma mais safada possível. As mulheres ficaram irritadinhas e viram o começo do bullying dos rapazes no episódio sobre elas.
  Na parte da caminhada para o acampamento, que me lembrou vagamente Guatemala, foi definida a aliança dominante no lado feminino, com Kim, Alicia, Chelsea, Sabrina e Kat, com as mais velhas como Monica e Nina sendo excluídas. No lado masculino, Leif ganhou destaque, sendo o cara mais forte e durão, carregando valorosamente as coisas de sua tribo. Por fim, as duas tribos chegaram no acampamento e descobriram que ficariam juntas no mesmo lugar. Houve uma caça a galinha e Chelsea ficou com o bicho. Em retaliação ao roubo dos homens, as mulheres não repartiram a galinha, iniciando rapidamente a briga entre as tribos. Aí vem mais um acerto da produção.
  Survivor nas últimas temporadas tem se caracterizado pela facilidade em termos de sobrevivência, com fogo e tudo sendo dado de mão beijada pelos produtores. Nessa temporada, porém, a galera começou sem pederneira! As pessoas tiveram que se virar para arranjar fogo. O aspecto da sobrevivência voltou ao programa em grande estilo e gerou mais um conflito entre as tribos, pois assim que as mulheres viram o fogo, quiseram trocar pela galinha. Os homens obviamente recusaram o acordo. As mulheres tentaram de tudo para conseguir o fogo, até tentar falar com quem elas acharam quem era o líder, gerando uma das cenas mais engraçadas do episódio, com Michael duvidando que as mulheres achassem que Tarzan era o líder da tribo e logo imediatamente cortando para o "rei das selvas" soltando o seu grito tradicional. De madrugada, as mulheres ainda tentaram roubar uma chama da fogueira, porém sem sucesso. No fim, Christina alinhavou um acordo e as mulheres conseguiram fogo. Isso acabou gerando um outro conflito, dessa vez com Alicia e Christina. Alicia achou que ela estava tentando conseguir alguma vantagem extra com os homens e logo ficou com ciúme. A lá Naonka, ela já queria a rival eliminada. Mas a rivalidade entre homens e mulheres atingiu o seu máximo, quando no Desafio de Imunidade, Kourtney quebrou o pulso e teve de ser evacuada do jogo. Espertamente, Probst deixou a decisão da prova nas mãos dos homens: continuar a prova de onde parou ou os homens declararem vitória a si mesmos. No final das contas, após mais uma sábia decisão dos produtores,  os homens resolveram ficar com a vitória, enfurecendo as mulheres.
  No Conselho Tribal, além da óbvia constatação de que Kourtney não voltaria ao jogo, houve a briga esperada entre Alicia e Christina. Porém, 8 Mile, digo, Kat, se meteu na briga das duas, botando ainda mais lenha na fogueira. Ao final do episódio, com essa perda, me parece que inicialmente as mulheres saem mais enfraquecidas após esse primeiro episódio. Acho bastante interessante, embora repetitivo, investir na rivalidade homens e mulheres. Porém, entre os homens, as coisas também parecem estar fragmentadas, com os Frat Boys de um lado (Matt, Michael, Bill e Jay) e a dupla de Tarzans, Sushi Chef (também conhecido como Jonas) e Leif do outro, com Colton no meio. Colton, que aliás, foi o grande protagonista desse episódio. Me parece que a edição quer fazer dele um novo Cochran, pelo fato dele ser uma grande fã do show e blábláblá. Ele apareceu confraternizando muito com as mulheres e recebeu o Ídolo de Imunidade de Sabrina, sua grande parceira no campo feminino. A princípio, me parece que a estratégia dele de se conformar que não vai se integrar com os homens e trabalhar tão abertamente com as mulheres me parece MUITO errada. Porque antes da Fusão, ele precisa primeiro passar pela fase tribal. E mesmo com um Ídolo, que pode mantê-lo por uma rodada apenas, excluído ele não pode ir muito longe. Se ele, porém, começar a trabalhar com alguma das facções da tribo dos homens, como passou rapidamente ele falando com Matt sobre a estratégia de se aliar as mulheres para obter alguma vantagem na Fusão e conseguir de fato convencer as pessoas disso, Colton pode ter alguma chance. Mas particularmente eu não gostei nada de Colton. Me pareceu um fã chato e afetado de Survivor, exagerado demais.
  Vou falar das três figuras que eu gostei e que podem ser minhas torcidas da temporada. A primeira é Sabrina, e ela me agradou muito. Me pareceu ser esperta e que tem uma boa noção de jogo. Me parece que ela pode ir longe, pois está na aparente aliança dominante das mulheres. Achou o Ídolo sozinha, sem a ajuda de ninguém, embora ela não pudesse tê-lo usado para ela própria. A segunda foi Christina, outra que demonstrou ter boa noção de jogo e ser uma boa negociadora. Eu já havia gostado dela e comentei no post de Futurologia e ela confirmou minha boa impressão. A última boa figura pra minha surpresa é o Sushi Chef, Mr. Jonas. Ele me pareceu ser engraçado e mais esperto do que aparenta. Além disso, gosto do potencial de Matt e Michael para vilões da temporada, Alicia como barraqueira, Kat e seu cosplay de 8 Mile, a disputa entre Tarzans para ver quem é o mais ridículo... Acho que desta vez, a galera da produção acertou na escolha do elenco.
  No final das contas, me parece que a produção executiva do show, após dois anos de erros pode ter acertado e estar fazendo uma boa temporada, uma temporada assistível de se ver desde HvsV. Vamos aguardar para ver cenas dos próximos capítulos. Acho que, como falei anteriormente, a produção acertou em muitos pontos nesse episódio e isso pode contribuir demais para bom andamento da temporada.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Quem quer ser um aprendiz?

Gabriel, seu blog é terrível! YOU'RE FIRED!

  Na primeira vez que eu ouvi falar do formato Aprendiz de reality show foi o daqui do Brasil, apresentado por Roberto Justus. Confesso que era meio discrente em relação ao programa, pois na minha opinião ninguém superaria o mestre Silvio Santos em sua genial e delirante Casa dos Artistas. Porém, após ver alguns episódios, passei a de fato ignorar o programa de fato. Porém, achei alguns coisas nele bastante interessantes. Eu gostei de Roberto Justus como o apresentador, dando aquele tom necessário ao programa de seriedade e autoridade que um líder nessa área de trabalho precisa ter. Achei que ao contrário do formato Big Brother, em que as pessoas ficam parados 24 horas sem fazer nada de útil, no Aprendiz as pessoas tem de lidar com os problemas profissionais de fato. Se você for mal em uma tarefa, você vai ser demitido. No final das contas, há um outro componente além do pessoal que influi na decisão da eliminação. Pra mim, que além da estratégia e do social, gosto da competição que envolve esses realities e no Aprendiz eu vejo esse aspecto ser bastante ressaltado. 
  Confesso, porém, que Roberto Justus e sua gangue não me interessaram a ponto de parar na frente da TV para assistir (a não ser a ótima paródia do show, O Infeliz, onde o Justus era satirizado pelo Tom Cavalcante).



  O interesse veio alguns anos depois, quando ouvi falar no podcast do Rob C. sobre o quanto ele adorava a edição com celebridades do Aprendiz, a ponto de não ver a edição normal lá nos EUA. Por curiosidade então, peguei na Wikipedia o elenco da primeira edição do Celebrity Apprentice, que ocorreu em 2008. Os caras da ABC perceberam que a audiência do Aprendiz normal, com um elenco composto por executivos, estava caindo. Daí eles resolveram que um elenco composto por celebridades (olha a influência do Silvio Santos aí) chamaria a atenção do público novamente como antes. Quando olhei que figuras como Gene Simmons do Kiss, Stephen Baldwin (o irmão do Alec, aquele mesmo de 30 Rock) e Lennox Lewis, aquele que tomou porrada do Tyson (não o de Survivor), estariam no show, me animei. E quando comecei a ver, não me decepcionei. Os conflitos, a tensão, a pressão por resultados, tudo o que faz esse formato Aprendiz ser bom estavam lá, com a adição de mais dois elementos que não havia observado na versão tupiniquim:

1- Donald Trump - É inegável a qualidade desse cara como apresentador. Ele é a versão exata do Silvio Santos nos EUA. Ele é carismático, autoritário e dita as regras do jogo de acordo com seu bel prazer. Ao contrário do homem do baú, porém, ele de fato decide de forma direta quem vai ser eliminado ou não. Se ele tiver que detonar as pessoas, ele fará isso sem perdão. Não digo que o Justus não fizesse isso, mas Trump apresenta o show de uma forma mais teatral e televisiva, de forma que nós conseguimos comprar os seus julgamentos, para o bem e para o mal, de forma mais convincente. Como o grande chefe, ele consegue encarnar a audiência, quando julga os seus subordinados em seu tribunal, digo, sua sala de reuniões.
2- As celebridades - Eu já falei há alguns textos na temporada passada sobre principalmente desde a era pós-Russell, como a qualidade dos elencos caiu, com as temporadas sendo focadas em apenas em poucos personagens para contar uma história principal e as estratégias que a definem. Uma coisa que eu não consegui concluir naquele texto (clique aqui) foi o fato que a mudança fundamental que já havia ocorrido de leve desde Palau e que se estabeleceu de vez no show a partir de Samoa foi o fato de que o show passou a se focar muito mais na estratégia e nos personagens que definem a estratégia principal do jogo. Survivor parou de recrutar 16 ou 18 personalidades e passou a recrutar 3 ou 4 personalidades e 15 ou 14 jogadores. Isso fez com a qualidade das histórias caísse muito, pois o que faz uma história ser melhor é qualidade e quantidade de boas tramas paralelas além da principal. Isso é uma coisa que não acontece no TCA.
  Logo na primeira edição, vemos figuras como Gene Simmons dando um show de arrogância, o esperto Piers Morgan (que hoje apresenta programa na CNN!) passando a perna em todos, Vincent Pastore tendo um dilema de um dos personagens que viveu na Família Soprano, Omarosa... A primeira temporada do TCA é uma das melhores de todos os realities que eu já vi. Destaque para a música de abertura, For The Love Of Money, do grupo The O´Jays.




  Veio a segunda temporada do show, com Joan Rivers e Annie Duke protagonizando a grande rivalidade da temporada, com o marido da Sandra Bullock (também conhecido como Jesse James) e ex-coelhinha da Playboy Brande Roderick fazendo boa figura. Destaques para a bizarra participação de Melissa Rivers, filha de Joan (a única vez que vi mãe e filha participarem de um reality show juntas), e as não menos discretas aparições de Dennis Rodman, Khloe Kardashian e Clint Black. Na terceira e quarta temporadas tivemos as participações de Sharon Osbourne, Cyndi Lauper, Mark McGreath (vocalista do grupo musical Sugar Ray) e até de Mr. Richard Hatch, vejam vocês, uma das grandes celebridades do universo Survivor. As últimas temporadas não tiveram o brilho das duas primeiras, mas ainda assim foram muito boas. Pra quem gosta de barracos, estratégias e duelos diretos entre personalidades, o TCA é um prato cheio. A partir do dia 19 de fevereiro, vou tentar acompanhar a temporada desse ótimo reality show. Uma coisa só que eles poderiam melhorar também é o tempo de duração do programa. Mr. Trump, duas horas não dá, não é não?